O Ti’Manel partiu para todo o sempre e certamente já estará junto da Ti’ Maria Alice!
Os dois formaram um casal e dupla inseparável, pois andavam sempre juntos nas suas lides da vida e do campo… Tiveram uma vida repleta de amor, amizade, humildade, respeito, trabalho e de contas certas para criarem as suas três filhas (Helena, Cristina e Fátima).
A família direta cresceu com os genros, onde eu me incluo, os netos (Marisa, Bernardo) e o bisneto Dinis, com os quais também tiveram o cuidado de ensinar e transmitir os seus princípios de vida e saberes acumulados de uma longa vida a dois. São uma das nossas referências de vida, pelo amor simples e verdadeiro que tinham entre si, com e para a família!
O Ti’Manel terá sido dos primeiros alunos de Cidadelhe que a Professora D. Justina propôs levar a exame da 4ª classe. Tinha boa cabeça e vontade de aprender!
Depois de uma vida árdua de trabalho atrás das suas vacas amarelas a lavrar terras de Cidadelhe e também na Quintã de Pêro Martins, de onde a Ti’Maria Alice era natural, com a idade de sessenta e poucos anos ensinei-o a conduzir e a manobrar um trator em 2ª mão que a Ti’Maria Alice ousou propor que se comprasse para a família. Foi sem dúvida alguma uma decisão acertada, pois, o Ti’Manel adaptou-se a essa sua nova condição de “tratorista” por mais de 25 anos, a utilizar o trator como máquina de trabalho, meio de deslocação e transporte em Cidadelhe. Por também ter passado nesse teste de adaptação a uma nova realidade de trabalho no mundo rural, seguiu-se a aquisição de um trator novo com tração, mais fácil de manobrar e mais seguro. Em abono da verdade, diga-se que a Ti’Maria Alice estava sempre presente e era muitas vezes os seus olhos atentos na condução e voz nas manobravas menos fáceis que por vezes tinha de executar.
Os olhos da Ti’Maria Alice começaram a fechar-se no início de outubro de 2022, em seis meses e até à sua partida foi ainda colocada em vida à prova pelo sofrimento atroz causado por um tumor cerebral… Na nossa casa, em Coimbra, a Ti’Maria Alice despediu-se do Ti’Manel com um forte abraço e um “Ai homem que eu não aguento mais!”. O Ti’Manel era um bom homem, um bom marido, um bom pai e avô, não era de muitas falas, mas desde esse dia e nunca o dizendo e expressando também foi morrendo aos poucos porque a sua Alice se despediu dele para todo o sempre.
As minhas desculpas pelo texto longo, mas eu teria muito mais para dizer sobre o nosso Ti’Manel, o meu sogro a quem eu pedi a sua filha Cristina em casamento e que também acabou por ser o meu padrinho de Crisma. Na Páscoa fazia questão de lhe pedir a bênção, dava-me sempre o folar por ser meu padrinho e também por lhe cortar durante o ano o pouco cabelo que tinha e fazer-lhe a barba, que essa era rija e forte!
Permitam-me ainda dizer que eu sei que falo muito como a minha querida e saudosa mãe Filomena, tenho na escrita mais ou menos formal uma das formas de partilhar e por vezes desabafar o que me vai na alma, na cabeça e no coração que hoje está triste com a morte da Ti’Manel, que vai a sepultar no cemitério de Santa Bárbara em Cidadelhe e que ficará junto da sua Alice.
Em nome da família, o nosso bem-haja ao lar de idosos da Santa Casa de Almeida pelo bom trato e acompanhamento que deram ao Ti’Manel desde a sua entrada em janeiro de 2023 até à data de ontem e da sua morte com 91 anos; a todos vós pela vossa presença neste último adeus ao nosso Ti’Manel; a todas as pessoas amigas pelas inúmeras mensagens enviadas e de condolências que nos foram dirigidas.
Manuel dos Santos Nunes
14/10/1932 – 02/09/2024
Igreja de Santo Amaro em Cidadelhe
03 de setembro de 2024
Missa do 7 dia: 14/09/2024 às 16h30
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