Em nome da família venho também por este meio agradecer a todas as pessoas
que se associaram a nós no último adeus à nossa mãe e avó Filomena e marcaram
presença nas suas cerimónias fúnebres, assim como, a todas as pessoas que por
diferentes formas e meios nos manifestaram pesar.
Na pessoa da Irmã Lídia, o nosso agradecimento particular à Reitoria do
Santuário da Lapa por tudo, pelo acolhimento da nossa mãe na Capela da Lapa
(Colégio da Lapa) para ser velada, ao Senhor Reitor Padre Amorim e ao Senhor
Vice-Reitor Cónego Joaquim Dionísio pelo terço rezado, às adoráveis Irmãs Lídia
e Jacinta pelo terço rezado, comentado e cantado na noite de velório e oração
da manhã e a tantas pessoas amigas da nossa mãe e da nossa família que connosco
velaram o seu corpo.
A todos os Senhores padres (Cónego Joaquim Dionísio, Pe. Amorim, Frei Emídio
Morais, Pe. Aniceto Morgado, Pe. José Correia, Pe. Diogo Rodrigues) que rezaram
e cantaram uma missa lindíssima no funeral da nossa mãe que foi presidida pelo
nosso primo Frei Emídio Morais da Lapa, que uma vez mais nos encantou pela sua
homilia e declamação do poema “Se Eu Morrer Antes de Você” de Vinícius de
Moraes (em anexo) que dedicou à Tia Filomena.
Ao coro do Santuário da Lapa pelos cânticos, ao Pe. Diogo Rodrigues da Paróquia
de Quintela da Lapa e ao nosso primo Pe. José Correia do Carregal por
acompanharem o cortejo fúnebre do Santuário da Lapa para o Cemitério de
Quintela da Lapa.
O nosso agradecimento a todas as pessoas que encheram o Santuário da Lapa e que
nos acompanharam neste último adeus à nossa mãe e avó Filomena, que ouviram a
neta Ana Filipa a cantar o salmo e também a leitura de um texto para a avó
Filomena, o qual acabou por colocar junto ao seu corpo (falta em anexo). Porque
eu também falo muito como a minha mãe e gosto de dar como ela fazia, eu quis
dar-lhe e dedicar-lhe um texto e mensagem de adeus e luto que escrevi em pranto
na noite em que nos deixou (em anexo e transcrito em baixo), mas imediatamente
antes tive o imenso prazer de recitar um poema lindíssimo (em anexo) do primo
Afonso Dias que escreveu para a prima Filomena.
Se Eu Morrer Antes de Você (Vinícius de Moraes)
Se eu morrer antes de você, faça-me um favor:
Chore o quanto quiser, mas não brigue comigo.
Se não quiser chorar, não chore;
Se não conseguir chorar, não se preocupe;
Se tiver vontade de rir, ria;
Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, Ouça e acrescente sua
versão;
Se me elogiarem demais, corrija o exagero.
Se me criticarem demais, defenda-me;
Se me quiserem fazer um santo, só porque morri,
Mostre que eu tinha um pouco de santo,
Mas estava longe de ser o santo que me pintam;
Se me quiserem fazer um demônio,
Mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio,
Mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo...
E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim,
Diga apenas uma frase:
-"Foi meu amigo, acreditou em mim
E sempre me quis por perto!"
Aí, então derrame uma lágrima.
Eu não estarei presente para enxugá-la,
Mas não faz mal.
Outros amigos farão isso no meu lugar.
Gostaria de dizer para você
Que viva como quem sabe que vai morrer um dia,
E que morra como quem soube viver direito.
Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da Gente, e se inaugura
aqui mesmo o seu começo.
Mas, se eu morrer antes de você,
Acho que não vou estranhar o céu.
"Ser seu amigo, já é um pedaço dele..."
Poema declamado pelo Frei Emídio Morais
na homilia da missa que presidiu no Funeral da Tia Filomena
Santuário da Lapa, 10 de dezembro de 2019
Vinde tempo e vento
Vinde sentir o lamento
Que trespassa o ar
Não nos leves tudo
Deixa-nos ficar
O desassossego saudoso
Do seu falar
A ternura do saber dar
E o seu olhar carinhoso
E por entre a aragem
Que ficar
Paire sempre no ar
Teu cuidar silencioso
De mãe coragem
Que vem secar
Olhos marejados
Que de ti lembrados
Sempre por ti vão chorar
Afonso Dias
“Para a nossa mãe e avó Filomena
A minha mãe falava muito, tinha muito para contar, histórias de vida, umas
alegres e em maior número e outras nem por isso, coisas da vida e vivências
vividas… Pois bem, também eu admito que falo muito e herdei entre outras coisas
boas isso da Senhora minha mãe.
Permitam-me partilhar aqui no último adeus à nossa querida mãe e avó uma
pequena parte da sua história de vida.
Aqui ao lado, na casa mais próxima do Santuário da Lapa, num dia frio de
janeiro do ano de 1969 a Filomena deu à luz e em casa o seu sexto filho de uma
novena de filhos que teve com o nosso pai, conhecido na terra natal de Aquilino
Ribeiro e nesta região por João Ferreiro. Aos meus pais agradeço-lhes muita
coisa e em primeiro lugar o facto de me terem trazido ao mundo. Para ter o
próximo filho (Carlitos) a nossa mãe teve que ir para o hospital de
Sernancelhe, onde pela primeira vez esteve às portas da morte. Sem forças para
cuidar do seu menino, uma Senhora da Sarzeda que viria a tornar-se sua amiga,
sim, porque a nossa mãe tinha a faculdade de facilmente cultivar a amizade,
acabou por lhe pegar no filho e amamenta-lo, uma vez que, tinha todo o leite do
mundo porque tinha perdido o seu filho ao lado da minha mãe. Dos outros dois
filhos que ainda teve em meio hospitalar (Xana e Nuno) também há muitas e boas
histórias para contar, assim como, de todos os outros (Ter, Nelso, Zeca,
Filénio e Mélita)… Felizmente e com muito trabalho, os nossos pais sempre tiveram
uma casa onde do essencial nada faltava, dando a todos os filhos a hipótese de
estudarem, chegando mesmo a terem seis deles a estudarem ao mesmo tempo com a
nossa mãe ao leme da gestão da casa e das coisas dos filhos.
No dia da Senhora da Conceição, fui a duas missas em honra à Imaculada
Conceição e pedi-lhe fervorosamente pela minha mãe. Ouvi o Padre da Paróquia da
Pedrulha em Coimbra a dar uma bonita lição de história sobre a Senhora da
Conceição, mas numa outra missa também o ouvi dizer que sendo padre há um ano e
meio nunca ninguém o chamou para dar os sacramentos da extrema-unção. No dia da
Imaculada Conceição e com a minha mãe às portas da morte, depois de no dia
anterior lhe ter dado a comida à boca ao lanche e ao jantar, todos os mimos
possíveis e ter-lhe mostrado uma fotografia da Senhora da Vida existente no
Mosteiro de Lorvão que tinha fotografado nessa manhã a caminho de Viseu, voltei
a assistir a mais uma missa na capela do hospital e uma vez mais pedi
fervorosamente por ela… Depois, de um a um termos estado com a minha mãe na
unidade de cuidados intensivos, fomos chamados pela última vez pelo médico de
serviço para nos dar a triste notícia de que a minha mãe não estava a reagir
aos tratamentos e estava a morrer, não do problema da vesícula à qual também
acabou por ser operada mas de um famigerado tumor detetado apenas e só na
última semana a que a minha mãe viria a chamar de “aquele cão” que me estava a
morder…
À questão de sermos crentes e se a minha mãe também o era, respondemos que sim!
Perguntou-nos ainda se pretendíamos que fosse chamado o capelão do hospital
para dar os últimos sacramentos à minha mãe e também estar connosco. Eu
respondi prontamente que sim, a minha mãe iria querer e bendita a hora em que o
afirmei, pois, foi um anjo que caiu do céu para falar connosco e para nos levar
a todos à cama onde a minha mãe estava a morrer aos poucos, para lhe ministrar
os últimos sacramentos e rezarmos todos juntos e com ele pela nossa querida
mãe... Eu sei que a minha mãe gostou bastante deste último momento que vivemos
com ela, que morreu em paz e que é mais uma das nossas estrelinhas lá no céu…
Descansa em paz e para todo o sempre, querida mãe!
Em nome de toda a família quero agradecer a vossa presença neste último adeus à
nossa mãe e avó, um obrigado pelas muitas mensagens de condolências que nos têm
enviado por diferentes meios e bem-haja a todos pela vossa amizade.
Lapa, 10 de dezembro de 2019
Arménio
Correia"
“Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida.
Quem acredita em mim,
mesmo que morra viverá.” (JO 11,26)
Maria
Filomena
Silva Rodrigues
(86 anos) | Nascimento: 21/05/1933 | Falecimento: 08/12/2019