quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Luto e pesar pela minha mãe

A missa de 7º Dia será no próximo sábado (14/12/2019) às 17h00 no Santuário de Nossa Senhora da Lapa.
Em nome da família venho também por este meio agradecer a todas as pessoas que se associaram a nós no último adeus à nossa mãe e avó Filomena e marcaram presença nas suas cerimónias fúnebres, assim como, a todas as pessoas que por diferentes formas e meios nos manifestaram pesar.
Na pessoa da Irmã Lídia, o nosso agradecimento particular à Reitoria do Santuário da Lapa por tudo, pelo acolhimento da nossa mãe na Capela da Lapa (Colégio da Lapa) para ser velada, ao Senhor Reitor Padre Amorim e ao Senhor Vice-Reitor Cónego Joaquim Dionísio pelo terço rezado, às adoráveis Irmãs Lídia e Jacinta pelo terço rezado, comentado e cantado na noite de velório e oração da manhã e a tantas pessoas amigas da nossa mãe e da nossa família que connosco velaram o seu corpo.
A todos os Senhores padres (Cónego Joaquim Dionísio, Pe. Amorim, Frei Emídio Morais, Pe. Aniceto Morgado, Pe. José Correia, Pe. Diogo Rodrigues) que rezaram e cantaram uma missa lindíssima no funeral da nossa mãe que foi presidida pelo nosso primo Frei Emídio Morais da Lapa, que uma vez mais nos encantou pela sua homilia e declamação do poema “Se Eu Morrer Antes de Você” de Vinícius de Moraes (em anexo) que dedicou à Tia Filomena.
Ao coro do Santuário da Lapa pelos cânticos, ao Pe. Diogo Rodrigues da Paróquia de Quintela da Lapa e ao nosso primo Pe. José Correia do Carregal por acompanharem o cortejo fúnebre do Santuário da Lapa para o Cemitério de Quintela da Lapa.
O nosso agradecimento a todas as pessoas que encheram o Santuário da Lapa e que nos acompanharam neste último adeus à nossa mãe e avó Filomena, que ouviram a neta Ana Filipa a cantar o salmo e também a leitura de um texto para a avó Filomena, o qual acabou por colocar junto ao seu corpo (falta em anexo). Porque eu também falo muito como a minha mãe e gosto de dar como ela fazia, eu quis dar-lhe e dedicar-lhe um texto e mensagem de adeus e luto que escrevi em pranto na noite em que nos deixou (em anexo e transcrito em baixo), mas imediatamente antes tive o imenso prazer de recitar um poema lindíssimo (em anexo) do primo Afonso Dias que escreveu para a prima Filomena.

Se Eu Morrer Antes de Você (Vinícius de Moraes)
Se eu morrer antes de você, faça-me um favor:
Chore o quanto quiser, mas não brigue comigo.
Se não quiser chorar, não chore;
Se não conseguir chorar, não se preocupe;
Se tiver vontade de rir, ria;
Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, Ouça e acrescente sua versão;
Se me elogiarem demais, corrija o exagero.
Se me criticarem demais, defenda-me;
Se me quiserem fazer um santo, só porque morri,
Mostre que eu tinha um pouco de santo,
Mas estava longe de ser o santo que me pintam;
Se me quiserem fazer um demônio,
Mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio,
Mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo...
E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim,
Diga apenas uma frase:
-"Foi meu amigo, acreditou em mim
E sempre me quis por perto!"
Aí, então derrame uma lágrima.
Eu não estarei presente para enxugá-la,
Mas não faz mal.
Outros amigos farão isso no meu lugar.
Gostaria de dizer para você
Que viva como quem sabe que vai morrer um dia,
E que morra como quem soube viver direito.
Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da Gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo.
Mas, se eu morrer antes de você,
Acho que não vou estranhar o céu.
"Ser seu amigo, já é um pedaço dele..."

Poema declamado pelo Frei Emídio Morais
na homilia da missa que presidiu no Funeral da Tia Filomena
Santuário da Lapa, 10 de dezembro de 2019

Vinde tempo e vento
Vinde sentir o lamento
Que trespassa o ar
Não nos leves tudo

Deixa-nos ficar
O desassossego saudoso
Do seu falar
A ternura do saber dar
E o seu olhar carinhoso

E por entre a aragem
Que ficar
Paire sempre no ar
Teu cuidar silencioso
De mãe coragem
Que vem secar
Olhos marejados
Que de ti lembrados
Sempre por ti vão chorar

Afonso Dias

“Para a nossa mãe e avó Filomena
A minha mãe falava muito, tinha muito para contar, histórias de vida, umas alegres e em maior número e outras nem por isso, coisas da vida e vivências vividas… Pois bem, também eu admito que falo muito e herdei entre outras coisas boas isso da Senhora minha mãe.
Permitam-me partilhar aqui no último adeus à nossa querida mãe e avó uma pequena parte da sua história de vida.
Aqui ao lado, na casa mais próxima do Santuário da Lapa, num dia frio de janeiro do ano de 1969 a Filomena deu à luz e em casa o seu sexto filho de uma novena de filhos que teve com o nosso pai, conhecido na terra natal de Aquilino Ribeiro e nesta região por João Ferreiro. Aos meus pais agradeço-lhes muita coisa e em primeiro lugar o facto de me terem trazido ao mundo. Para ter o próximo filho (Carlitos) a nossa mãe teve que ir para o hospital de Sernancelhe, onde pela primeira vez esteve às portas da morte. Sem forças para cuidar do seu menino, uma Senhora da Sarzeda que viria a tornar-se sua amiga, sim, porque a nossa mãe tinha a faculdade de facilmente cultivar a amizade, acabou por lhe pegar no filho e amamenta-lo, uma vez que, tinha todo o leite do mundo porque tinha perdido o seu filho ao lado da minha mãe. Dos outros dois filhos que ainda teve em meio hospitalar (Xana e Nuno) também há muitas e boas histórias para contar, assim como, de todos os outros (Ter, Nelso, Zeca, Filénio e Mélita)… Felizmente e com muito trabalho, os nossos pais sempre tiveram uma casa onde do essencial nada faltava, dando a todos os filhos a hipótese de estudarem, chegando mesmo a terem seis deles a estudarem ao mesmo tempo com a nossa mãe ao leme da gestão da casa e das coisas dos filhos.
No dia da Senhora da Conceição, fui a duas missas em honra à Imaculada Conceição e pedi-lhe fervorosamente pela minha mãe. Ouvi o Padre da Paróquia da Pedrulha em Coimbra a dar uma bonita lição de história sobre a Senhora da Conceição, mas numa outra missa também o ouvi dizer que sendo padre há um ano e meio nunca ninguém o chamou para dar os sacramentos da extrema-unção. No dia da Imaculada Conceição e com a minha mãe às portas da morte, depois de no dia anterior lhe ter dado a comida à boca ao lanche e ao jantar, todos os mimos possíveis e ter-lhe mostrado uma fotografia da Senhora da Vida existente no Mosteiro de Lorvão que tinha fotografado nessa manhã a caminho de Viseu, voltei a assistir a mais uma missa na capela do hospital e uma vez mais pedi fervorosamente por ela… Depois, de um a um termos estado com a minha mãe na unidade de cuidados intensivos, fomos chamados pela última vez pelo médico de serviço para nos dar a triste notícia de que a minha mãe não estava a reagir aos tratamentos e estava a morrer, não do problema da vesícula à qual também acabou por ser operada mas de um famigerado tumor detetado apenas e só na última semana a que a minha mãe viria a chamar de “aquele cão” que me estava a morder…
À questão de sermos crentes e se a minha mãe também o era, respondemos que sim! Perguntou-nos ainda se pretendíamos que fosse chamado o capelão do hospital para dar os últimos sacramentos à minha mãe e também estar connosco. Eu respondi prontamente que sim, a minha mãe iria querer e bendita a hora em que o afirmei, pois, foi um anjo que caiu do céu para falar connosco e para nos levar a todos à cama onde a minha mãe estava a morrer aos poucos, para lhe ministrar os últimos sacramentos e rezarmos todos juntos e com ele pela nossa querida mãe... Eu sei que a minha mãe gostou bastante deste último momento que vivemos com ela, que morreu em paz e que é mais uma das nossas estrelinhas lá no céu… Descansa em paz e para todo o sempre, querida mãe!
Em nome de toda a família quero agradecer a vossa presença neste último adeus à nossa mãe e avó, um obrigado pelas muitas mensagens de condolências que nos têm enviado por diferentes meios e bem-haja a todos pela vossa amizade.
Lapa, 10 de dezembro de 2019
Arménio Correia"

“Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida.
Quem acredita em mim, mesmo que morra viverá.” (JO 11,26)
Maria Filomena Silva Rodrigues
(86 anos) | Nascimento: 21/05/1933 | Falecimento: 08/12/2019

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